sexta-feira, 18 de outubro de 2013


17\10\2013

Levantamos cedo e às 7h30 saímos do acampamento. Temos mais 350km para rodar nessa estrada, ou melhor, trilha, que em alguns pontos fica 16m acima do nível do mar, no interior da selva amazônica. Em alguns trechos a velocidade é 7km por hora. Depressões cheias de lama e asfalto quebrado formam crateras enormes.

Lembrando ainda das kombis passando por esta estrada sem tração 4x4, Fernando matou a xarada dizendo: “Eles trazem um monte de gente, quando a Kombi atola, todo mundo desce e empurra.”

Após 20km Fernando e Osni, que estavam na frente, avistaram uma pantera negra  embrenhar-se no mato rapidamente. Não conseguiram fotografar. Às 11h34 vimos uma  casa no meio do mato. Aparentemente não havia ninguém, só um cachorro.

Às 12h30 paramos numa sombra para comer e partimos às 13h40. Chegamos a Igapó Açu a fim de cruzar o rio de balsa e continuar a BR 319 até Manaus. Levamos 3 horas para percorrer 40km.

Às 14h50 estávamos do outro lado do rio, na continuação da rodovia. Nesse trecho a estrada é bem larga, e a média de velocidade é 55km por hora. Alguns trechos não têm asfalto, então quando chove a pista fica escorregadiça e quando não, há muita poeira. Aqui também encontramos queimadas. Depois de 50km a estrada é asfaltada e dá pra andar a 100km por hora. Quase não circulam veículos nessa rodovia, e onde antes existia uma balsa, agora existe uma ponte ligando a rodovia.

Chegamos a Careiro às 16h53 e também havia uma ponte onde antes o percurso era feito por balsa. Continuamos na BR319 bem conservada, mais aberta, vegetação afastada das margens e com algumas fazendas de gado nas laterais.

Às 18h30 chegamos na balsa que atravessa o rio Solimões até Manaus. Mas tivemos que esperar até às 8h porque a balsa não comportava mais carro. Jantamos num restaurante japonês e rimos muito com as palhaçadas do Osni. Já passava de 23h quando nos acomodamos no hotel.
 

16\10\2013

Às 6h54 saímos do hotel, em Humaitá. Apesar de estarmos com duas geladeiras, passamos num posto de combustível para comprar gelo e combustível de reserva, porque não existe posto nesse trajeto da BR 319.

Entramos na BR 230 (transamazônica), passando pelo Batalhão da Selva do Exército, onde fazem treinamento especial para resgate na selva. O Exército está há anos na operação de construção e manutenção da estrada.

Depois de 15km entramos na BR319, que leva a Manaus. Esta rodovia já esteve em melhores condições e era trafegável, hoje está abandonada, com trechos de asfalto detonado pelo tempo e sem manutenção. Até o km 180 se avista uma casa ou outra suspensa com estacas devido à época de enchentes. À medida que adentramos, o asfalto vai ficando esburacado até se transformar numa trilha difícil de transitar.

Estamos a 3.800km longe de casa. Agora é torcer para não chover, pois o caminho escorrega como sabão e possivelmente teremos que parar se a chuva for intensa.

Às 8h20 passamos pela primeira torre da Embratel.  Esta estrada ainda não fechou totalmente pelo mato por causa das linhas de transmissão da Embratel. A energia elétrica nas torres é produzida por gerador. Depois de 90km encontramos construções da Prefeitura de Humaitá e até um posto de combustível. Segundo Tadeu e Osni o progresso chegou aqui em questão de um ano. Eles passaram por aqui em 2012 e não havia nada. É uma pequena comunidade no meio da selva.

A velocidade média nessa BR é 27km/h.  Quase atropelamos uma jiboia enorme na beira da estrada. Às 9h50 paramos na cabeceira de uma ponte que estava sendo restaurada. Conseguimos passar. 

As borboletas amarelas pressagiam chuva voando na nossa frente. Em seguida passa  uma moto com 3 pessoas em cima e dois cachorros acompanhando-a com a língua de fora de tão cansados. Na orla da trilha há caju, goiaba, araçá (que apanhamos pela janela do carro). Os postes das linhas são de uma madeira nativa, meio retorcida e de grande resistência.

Após 160km rodando, deu problema na caminhonete do Fernando. Na revisão deixaram o parafuso da ventoinha solto, o motor começou a ferver e o ar condicionado parou de funcionar.

Às 11h40 começou a temida chuva. Paramos na casa dos Catarina (família de Jaguaruna/SC que vive aqui há 20 anos). Osni consertou a caminhonete, lanchamos e partimos. Existem queimadas clandestinas ao longo da floresta devastando árvores nativas.

Às 16h20 a caminhonete do Tadeu atolou mesmo com tração, e foi guinchado pela caminhonete do Chico. Osni aproveitou pra ir zombando desse incidente o tempo todo. A chuva passou, mas deixou um lamaçal com crateras enormes no chão.

Chegamos a uma das torres da Embratel às 18h35. Já era noite quando entramos no cercado da torre onde havia operários que dão manutenção na rede de transmissão. Tivemos sorte. Normalmente essas torres ficam desertas com o portão trancado a cadeado e, nesse caso, teríamos que dormir do lado de fora.

Conversando com dois funcionários, soubemos que há um mês uma onça com o filhote entrou no cercado e atacou uma mulher numa estação mais a frente (a média de distância entre as estações é de 40km). Nós, mulheres, ficamos apavoradas e pensamos até em dormir dentro do carro. Esses acontecimentos são raros e nossas barracas são armadas em cima das caminhonetes, mas vai que...

Fizemos um churrasco e depois fomos dormir.  Mesmo com todo o receio de alguma onça atacar, com o barulho da noite na mata, os sons dos bichos e sem luz elétrica a partir das 22 horas, nos acomodamos na barraca devido ao cansaço.  Por volta das 9h da noite apareceram duas Kombis cheias de homens, mulheres e crianças. Acamparam e saíram às 4h da madrugada. Ficamos admirados e até frustrados imaginando como eles tinham chegado até aqui.

Durante todo o dia não avistamos animais, só uma cobra. A temperatura do dia marcou 39°C com sensação de mais de 40°C. Levamos 11 horas para percorrer 300km.

 

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