sábado, 31 de março de 2012

31\03\2012

Pegamos a Transoceânica novamente às 7h30, em direção a Nazca (ou Nasca). A 48km de Cusco havia um pedágio a 3,90 soles.  A estrada sinuosa, com curvas em U, passa pela Cordilheira dos Andes e seus vales verdejantes, com uma paisagem maravilhosa.

Depois de 80km, o verde começa a escassear e a temperatura aumenta, porém passados mais alguns quilômetros os vales e as montanhas, com plantações e casinhas feitas de tijolos de barro e telhados de palha, denunciam a presença da civilização inca.  Pouquíssimos trechos da rodovia não estão pavimentados, e outros estão sujeitos a desmoronamentos e neblina, mas a grande maioria da estrada é boa e bem sinalizada. Cachoeiras atravessam o asfalto e desaguam no despenhadeiro.
 A 345km de Cusco, o oxigênio começa a faltar pra nós e pro carro, que começa a perder força. Devemos estar a uns 5.000m de altitude. Não sabemos exatamente quanto porque os nossos dois GPS estão inativos, e o GPS do Tadeu não está programado para precisar altitude.

No topo das montanhas há vários rebanhos de lhama que pastam e atravessam o asfalto com a maior intimidade. Quem quiser que pare o carro quando elas estiverem passando. Da mesma forma, vacas, burricos, porcos, cachorros e galinhas se acham os donos do pedaço.

Uma chuva de pedra nos pega de surpresa no topo da cordilheira, e o asfalto fica branco de pedrinhas que pulam no chão como bolinhas de vidro. De repente a chuva para.  Estamos andando tão alto que abaixo de nós avistamos nuvens.
A 100km de Nasca passamos pelo quarto pedágio a 3,90 soles. Até a cidade, a estrada é ótima, bem sinalizada. Chegamos em Nazca por volta das 8h. Já anoiteceu, claro, mas nos vilarejos por que passamos não havia condições de hospedagem.

Foram 657km de curvas para um lado e para o outro, 11 horas de percurso, coisa pra deixar qualquer motorista exausto e tonto. Mas não o Tadeu. Assim que nos acomodamos, saímos para jantar num restaurante de frente para a Plaza de Armas.

sexta-feira, 30 de março de 2012


30\03\2012

Depois do café pegamos um táxi até Plaza de Armas, que é o lugar mais importante da cidade, onde tudo acontece. Trocamos mais reais por soles e compramos tíquetes para fazer um tour pela cidade naqueles ônibus com segundo andar aberto para turistas. Estava frio, mas era o lugar mais estratégico para ver a cidade e tirar fotos. De Cusco, a 3.400m de altitude, subimos para o Cristo Branco, uma miniatura caricata de Cristo Redentor, que fica numa elevação de onde se pode avistar toda a cidade. Esse passeio nos deu uma visão melhor do centro histórico e dos sítios arqueológicos ao redor de Cusco.
Ao retornar, compramos entrada para visitar o Convento de la Merced, importante igreja de Cusco, cuja principal atração, além de pinturas e outras obras de arte, é La Custódia de la Merced, pesando 22,25kg de ouro puro, cravejada de 1.518 diamantes e 615 pedras preciosas. Visitamos também o Convento de Santo Domingo, que foi construído em cima do Qorikancha (Templo do Sol), o maior templo inca em Cusco. Podem-se constatar os fortes vestígios da construção inca nas paredes e na exposição de pedras que marcam a soberba arquitetura daquele povo.

A fome começou a apertar e decidimos almoçar num restaurante menos turístico. Encontramos vários na Calle Pampa del Castilho. Distraída, lendo o cardápio na porta do restaurante Los Mundialistas, quase fui atropelada por um homem (pasmem) que carregava um porco morto, enorme, nas costas. Pena que não deu tempo de fotografar, pois eu o perdi na multidão, e ele entrou em seguida em outro restaurante.
Pedimos Chicarrón Mundialito, prato típico com carne de porco frita, batata assada, milho verde branco com grãos enormes, salada e pamonha. Ainda bem que pedimos um só pra nós dois, porque não conseguimos dar conta do prato. Depois fomos para o hotel a fim de entrar no Skype para ver nossa netinha Zoê. Ela está linda e fofa. Foi ótimo matar a saudade.

À tardinha voltamos à Plaza para jantar.  Escolhemos um restaurante num dos prédios coloniais com vista para a praça, afinal, essa seria a nossa despedida de Cusco. Um prato típico, que não consegui encarar, é o Cuy al horno, um porquinho-da-índia assado, inteiro, com acompanhamento. Lembrei na hora dos bichinhos da Juliana.
Amanhã seguiremos para Nazca e depois, Lima.

29\03\2012

Saímos do hotel em que estávamos (a 15 minutos do centro de Cusco) e nos hospedamos no centro, num hotel ótimo, incluído café da manhã e garagem. Largamos tudo e fomos almoçar na Plaza de Armas, na mesma tratoria que almoçamos em 2006. Perambulamos pela praça entrando em lojinhas de artesanato nativo, livrarias, etc.

Por volta das 5h da tarde fomos surpreendidos por um desfile de danças nativas, uma espécie de carnaval peruano. Ficamos um bom tempo assistindo ao desfile, na frente da catedral, filmando e fotografando. Estava muito frio e chovendo. Então, fomos tomar um café. Presenciamos o anoitecer e a agitação da cidade, cheia de turistas de todas as nacionalidades. Cusco é simplesmente fantástica.

quinta-feira, 29 de março de 2012







28\03\2012

Saímos de Assis Brasil, Pousada Renascer (a melhor da cidade),  por volta das 8h30 no Brasil, 7h30 no Peru. Passamos na Polícia Federal brasileira e entramos no Corredor Vial Interoceanico Sur Peru – Brasil (Cuzco 763km) a mesma Transoceânica que passamos em 2006 e que ainda não estava asfaltada. A rodovia agora está pavimentada, bem sinalizada e mais segura, claro.

Na aduana peruana fomos os primeiros a chegar, mas levamos mais de uma hora para sair. Só depois de sutilmente o policial nos sugerir uma propina é que percebemos que a demora era por esse motivo. Ele nos disse que faria aniversário amanhã e que beberia uma cerveja em comemoração à nossa viagem.  Tadeu achou melhor cair com R$10,00 pela “consideração” que estava tendo conosco, e fomos liberados em seguida. Dez metros depois outro policial nos abordou, pediu documentos e perguntou o que carregávamos,  mesmo tendo visto que acabamos de ser liberados. Acho que queria propina também, mas não rolou. Absurdo.  Na aduana peruana pedimos 90 dias de visto (o máximo permitido) porque nos disseram na aduana brasileira que se pedirmos menos dias e sairmos no dia seguinte, o Peru confisca o carro e não há o que fazer. São as leis deles.  

A 80km da aduana pegamos pedágio, mas não pagamos os 5 soles porque começaria a funcionar amanhã.  A estrada ainda é deserta. Ao longo da rodovia há casas esparsas, de madeira, rústicas, com teto de palha e janelas de madeira, sem vidro.  Nessas “áreas urbanas” a velocidade é 35km\h, que tem que ser respeitada, pois crianças na beira do asfalto brincando e animais soltos são encontrados.

Ao chegarmos a Puerto Maldonado nos deparamos com uma ponte moderna sobre o rio, que era navegado por balsa para transportar os veículos para o outro lado. A ponte leva a uma espécie de corredor até chegar à rotatória com placa para Cusco. A 400km de Cusco vimos verdadeiras favelas “comerciais” na beira da estrada. Isso não existia antes.

Toda aquela estradinha de barro com mais de 150 corredeiras atravessando o caminho está coberta de asfalto e alargada para passagem de dois veículos.

Em Mazuco fomos parados novamente e pediram todos os documentos, até mesmo aqueles que não eram necessários. Aqueles trechos alagados por que passamos em 2006 estão canalizados, mas alguns córregos ainda passam por cima do asfalto, assim como encontramos crianças brincando de bola no meio da estrada, animais soltos, lhamas, mulheres (índias) puxando porco por uma corda amarrada no pescoço, enfim, os indígenas ainda não abandonaram seus costumes.

Ainda não acostumados com fuso horário decidimos dar continuidade à viagem até Cusco. Isso nos custou 9 horas de estrada, subindo a cordilheira e sendo surpreendidos por neblina espessa e anoitecer cedo. Devido à sinuosidade do caminho e pouca visibilidade, na subida íngreme a velocidade era 20km\h.  Chegamos em Cusco cansados, com fome e com frio, pois a temperatura mudava à medida que subíamos.  Nossa promessa de não viajar à noite acabou não sendo cumprida.


27\03\2012

Saímos do hotel às 8h30 e passamos numa livraria (a maior da cidade) para comprar mapas e guias de viagem, mas não encontramos o que queríamos. Pegamos a BR 317 em direção ao Peru. No km321 passamos pela trilha de Chico Mendes, o ecologista assassinado nesta região. Passamos por extensões enormes de pastagem de gado, que outrora eram floresta.

Almoçamos em Brasiléia e seguimos para Assis Brasil, divisa com Peru, pela Estrada do Pacífico. Assis Brasil é uma cidadezinha na ponta do Acre, que não tem internet . Mas vamos dormir aqui e sair amanhã cedo. Gostaríamos de ter feito o percurso pela Bolívia, mas desistimos porque além de ter um longo trajeto de estrada de chão ainda estava interditada devido às chuvas.

Fomos à Polícia da Fronteira pedir informações e acabamos na sala do Fiscal da Receita Federal, que nos orientou de forma competente e gentil. É o tipo de profissional que qualquer viajante deseja encontrar depois de tantos quilômetros rodados.


26\03\2012
Saímos de Pimenta Bueno sem usar GPS (dá pra notar que a cidade é grande) pela BR364, que é um risco para os motoristas, num trajeto de mais ou menos 150km. Os caminhões carregados de soja, cujos grãos vão caindo com o balanço, e os carros serpenteiam a estrada para escapar das crateras numa velocidade média de 30km\h.

Passamos por Porto Velho e continuamos pela BR364. Às 14h40 paramos na fila da ponte erguida pelo Exército, uma vez que a original foi levada pela enchente. Chegamos ao final da estrada, onde entramos na fila da balsa para atravessar o rio Madeira, de Apunã para Vista Alegre de Abunã, ainda em Rondônia. Atravessamos a divisa de Rondônia – Acre e chegamos em Rio Branco às 10h30 da noite, cansados e com fome. Daqui pra frente não viajaremos mais à noite, pois estaremos em território estrangeiro.


domingo, 25 de março de 2012


       7h30 – Estamos novamente na estrada. Um GPS apagou.  E o pior, era esse que tinha todos os mapas das Américas. Pegamos a BR 070 e a 174 em direção oeste.  A estrada é bonita, bem conservada, ladeada de vegetação nativa, não tem pedágio e não há fluxo de carros e caminhões. Depois de rodar em torno de 100km começam a aparecer elevações de mata virgem. Não encontramos habitações em quilômetros de estrada, e no asfalto vimos 4 tamanduás atropelados. 
      Atravessamos a divisa MT e RO às 15h13. A partir de Rondônia a BR 174 passa para BR 364.

      Por volta das 6h da tarde paramos em Pimenta Bueno, uma cidadezinha a 340km de Porto Velho. Aqui Tadeu é picado por um inseto e começa a ficar vermelho e com coceira no corpo todo. Ele está bem agora, depois de tomar um anti-alérgico, mas o bichinho morreu. Amanhã seguiremos para Porto Velho.  

sábado, 24 de março de 2012

24\03\2012

Partimos de Ponta Porã às 6h57. Programamos os GPS para Campo Grande, mas não seguimos suas orientações, porque nos disseram no hotel que poderíamos pegar um caminho mais curto pela MS 164 e MS 162.
Às 7h36 fomos parados na estrada pela Polícia Rodoviária. O policial revistou a caminhonete e perguntou para onde íamos. Tadeu falou que poderia parecer estranho, mas estávamos indo para o Alaska. Ele olhou desconfiado e, então, perguntou qual o nosso próximo destino e nos liberou.

Percorremos extensões enormes de plantação de soja e milho que se estendem ao longo da rodovia, e vimos fazendas de criação de avestruz. A estrada é boa, sem buracos e sem pedágios. Em Rondonópolis pegamos um trânsito infernal e trechos cheios de buracos.
Chegamos em Cuiabá às 21h.
Nosso próximo roteiro: Porto Velho\RO – Rio Branco\AC – Assis Brasil\AC – Puerto Maldonado\Peru.


23\03\2012
Saímos de Cascavel às 7h20. Estamos usando 2 GPS para garantir a nossa rota, mas em alguns trechos eles ficam desorientados. O jeito é apelar para a antiga tecnologia do mapa rodoviário e o GPS genético do Tadeu.

Chegamos em Ponta Porã ao meio-dia. Por ser final de semana, alguns hotéis estavam lotados. Nos hospedamos no hotel Frontier. Atravessamos a rua para o shopping China, em Pedro Juan Caballero, e estranhamos ver tão pouca gente. Só na hora de comprar é que percebemos o porquê. Estava tudo muito caro. Só compramos o necessário.
Nosso próximo roteiro é: Campo Grande\ MS – Cuiabá\MT, 1.050km, que pretendemos percorrer num dia, pois já conhecemos o caminho.

quinta-feira, 22 de março de 2012

                Não temos passagem com data e hora marcada, então, a saída foi difícil.  Sempre faltava alguma coisa pra fazer,  arrumar  ou providenciar.  Tivemos várias despedidas com a família e os amigos, que nos recomendavam cuidados e desejavam boa viagem.

              Finalmente estamos na estrada.  Saímos  às 7h52m, e o velocímetro marcava  37.402km.  A Olga estava no portão nos dando tchau e desejando mais uma vez boa viagem.

Nosso roteiro no momento é Florianópolis – Lages – Francisco Beltrão\PR – Cascavel\PR – Ponta Porã\MS.  
                Depois de Joaçaba a caminhonete deu uma falhada, e o painel acusou problema na injeção eletrônica.  Paramos em seguida num posto rodoviário para verificar o que estava acontecendo e começar a tomar providências. Felizmente ao religar o carro, o problema desapareceu, e pudemos tocar direto até Cascavel. Amanhã vamos a Ponta Porã comprar pneu e bugigangas eletrônicas para a viagem.

quarta-feira, 21 de março de 2012


Deixamos nossa casa e rumamos ao nosso destino, o que levará meses para alcançarmos.  Pisar no Alaska, na estação de verão, é o que esperamos concretizar após tantos anos sonhando com isso.
Praia da Tapera - Fpolis/SC

A grande viagem


O que fazer quando se tem tudo planejado e, de repente, sem nem começar a executar o projeto, os partícipes começam a desistir? Bem, cada um tem suas razões, e nós temos as nossas para continuar. Mas esse imprevisto nos causou certa intranqüilidade e insegurança a princípio.  Depois, resolvemos encarar o desafio.  Afinal, como dizia Bob Marley, A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem pára em qualquer topada.

Desde jovens sonhávamos em viajar até o Alaska de moto.  Porém não tínhamos dinheiro nem tempo disponível, pois precisávamos trabalhar para sobreviver. Casamos, tivemos dois filhos (Daniel e Juliana), a responsabilidade cresceu e as contas para pagar também.  Esse plano ficou no fundo de nossa alma e, às vezes, até pensávamos que não o colocaríamos mais em prática.

            O tempo passou, – quando dizemos “passou” significa o tempo de uma vida que já ultrapassou meio século de idade – e chegamos ao ponto em que temos tempo para enfrentar a expedição com calma, de forma modesta, utilizando camping na maioria da viagem e nos valendo de dicas de amigos e aventureiros que já fizeram ou estão fazendo o mesmo que nós desejamos fazer. Verdade seja dita: sem o espírito aventureiro e forte do meu marido, não retomaríamos essa empreitada. Principalmente agora que nasceu nossa netinha Zoê (6 meses).

            Vamos sentir saudade da família, dos amigos, dos churrascos na beira da praia, da nossa casa, enfim, de tudo a que estamos habituados. No entanto, não vamos lamentar mais tarde o que não fizemos.

quarta-feira, 7 de março de 2012


Quem somos?

 Somos Tadeu e Edite, dois deslumbrados por viagens e aventuras. Ele, mais aventureiro e ousado, gosta de descobrir caminhos, se embrenhar no desconhecido como um verdadeiro pioneiro em busca de acontecimentos inesperados. Eu, mais pé no chão, acompanho tudo com mais cautela, puxando a “corda” do marido quando a arrojo é por demais da conta.