quinta-feira, 31 de outubro de 2013

31/10/2013
Depois do café saímos para procurar agência de viagem a fim de comprarmos passagens para as ilhas (Aruba e Curazao), que ficam perto da cidade de Punto Fijo, situada na costa ocidental da Península de Paraguaná, onde existe o maior centro de refinaria de petróleo do mundo e onde estamos hospedados.

Infelizmente todas as agências que visitamos não tinham mais disponibilidade de voos até o final deste ano. Tentamos alugar um barco, mas as condições do tempo não estão favoráveis para andar de barco. Tentamos fretar um aviãozinho, mas o custo final é o mesmo de uma passagem de Florianópolis direto para Aruba. Além disso, teremos que pagar taxa de pouso no aeroporto.


Decidimos ficar em Punto Fijo até 02 de novembro e conhecer melhor a península. É uma pena estar tão perto das ilhas e não ter condições de visitá-las. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

30/10/2013
Às 6h40 continuamos a viagem. Tomamos café na primeira lanchonete que encontramos aberta e em seguida entramos na fila para abastecer os carros. Meio tanque de diesel custa R$0,10 (dez centavos de real) e um cafezinho no posto custa R$0,15 (quinze centavos). Os bombeiros enchem o tanque dos carros até a boca e sempre deixam escorrer em torno de um litro pela lataria afora.
Nosso destino é Punto Fijo, uma cidade situada nas cercanias de uma refinaria, que se destaca pelo movimento turístico e comercial (zona franca da Venezuela), de onde vamos obter informações para conhecer as ilhas de Aruba e Curazao.
De repente um desvio na rodovia devido a um desmoronamento. Subimos as montanhas por uma estrada sinuosa, com árvores caídas até a metade da pista de asfalto. Essa é uma parte da Rota 1, a qual devemos seguir para chegar ao nosso destino.
Ao meio-dia almoçamos em Guacara.  Alguns quilômetros depois, em Puerto Cabello, há uma refinaria. Raramente se vê um pasto com gado. Em Paraguaná, o asfalto passa pelo meio das dunas, cujas areias avançam na rodovia.
Chegamos a Punto Fijo por volta das 7h da noite.  Os hotéis estão lotados. Voltamos uns 10km e conseguimos um hotel ótimo para passar a noite.

29/10/013
Levantamos cedo para arrumar a bagagem que está aumentando. Mudamos nossos planos. Não vamos mais a Caracas. Achamos melhor curtir as ilhas do Caribe.
Às 9h saímos da pousada em direção ao ferry. No caminho abastecemos os carros (R$0,20) e seguimos.  Após 45min chegamos à Aduana Punta de Piedras, entramos na fila para apresentação dos documentos e tíquetes e ficamos esperando até às 12h para entrar na embarcação. Este ferry que pegamos (express) leva duas horas para chegar a Puerto La Cruz e é ótimo: poltronas confortáveis, lanchonetes e banheiros bons e limpos.
Saímos do ferry às 14h45. O trânsito é caótico. Ninguém respeita o sinal. Levamos uma hora para sair da confusão do tráfego e alcançar a rodovia. Passamos por um pedágio, mas não havia ninguém para cobrar. A 90km de Barcelona avistamos uma refinaria de petróleo jorrando fogo e fumaça preta para cima.  Mais ou menos 80km depois há outro pedágio, mas só é cobrado de caminhão.

Ao anoitecer cai uma chuva grossa que nos acompanha até Rio Chico. Apesar das péssimas condições do hotel, temos que parar aqui porque a estrada é ruim e muito perigoso viajar à noite. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

28/10/2013
Hoje de manhã os homens foram à empresa de ferry para confirmar e pagar a taxa de prorrogação dos nossos tíquetes. Depois nos dividimos. A maior parte do pessoal foi dar mais um passeio pela ilha, e Rose e Fernando foram ao shopping finalizar umas compras.

Saímos em direção à Laguna La Restinga. No meio do caminho vimos o Museu do Mar e entramos. O museu é bem organizado, contém peças antigas que pertenceram à marinha venezuelana, exposição de conchas, caramujos, crustáceos e corais. Ficamos impressionados com o tamanho e a variedade de corais, assim como dos demais espécimes.  Também existem peixes e tartarugas vivas em tanques abertos para visitação, além de peixes exóticos e cavalos-marinho nos aquários internos. No segundo andar há uma sala especial para exibir documentários sobre a vida no nosso planeta e sobre o museu.

Continuamos até a Restinga; uma reserva resguardada pelo governo, importante para o ecossistema e a sobrevivência dos pescadores que dependem desse criadouro natural.
Almoçamos novamente no nosso restaurante preferido e depois fomos ao shopping e tomamos café. À tardinha voltamos para a pousada.


Amanhã pegaremos o ferry de volta e seguiremos para Caracas.

27/10/2013
Como sempre, tomamos café cedo para aproveitar bem o dia. Em seguida saímos em duas caminhonetes e percorremos várias praias na direção norte da ilha. De manhã passamos por Playa Guacuco, El Cardón, Tirano, Parguito, El Água, e El Humo
Almoçamos em Manzanillo. Queriam cobrar B$3.000,00 por uma lagosta. No restaurante perto do nosso hotel pagamos B$440,00. Comemos camarão, que estava no preço dos demais restaurantes.
As praias são muito bonitas, mas na periferia o lixo é colocado a céu aberto. A imagem de Hugo Chaves está em outdoor por toda parte assim como a santa padroeira está em santuários ou exposta em altares. Até no shopping tem santa.
Continuamos o passeio pelas praias: Puerto Constanza, Guayacán, Bahia La Galera, onde fica o Fortim de Galera, de onde se tem uma vista maravilhosa para a praia e as lagunas. Visitamos o forte, batemos fotos e tomamos café com galletas deliciosas. Entramos na Bahia de Juan Griego, repleta de pelicanos, e voltamos para o hotel.
À noite jantamos num restaurante do shopping. A comida estava saborosa.

26/10/2013
Tomamos café e ficamos esperando Osni, Classir e Letícia, que foram trocar nossas passagens de ferry, de hoje para terça-feira, porque resolvemos ficar mais tempo na ilha.  A comida é boa, o comércio é barato e estamos muito bem instalados de frente para o mar. Osni e Tadeu contrataram um passeio de barco para hoje de manhã.  Apesar do vento, que deixava o mar agitado, embarcamos; receosos, mas com muita coragem.  Quando o barco deu a partida e começou a nos levar pra longe da costa, as águas do mar do Caribe pareciam ter se tornado mais revoltas. Todos se seguravam na borda da embarcação com medo de ser lançado fora do barco. Luiz, de Manaus, era o mais apavorado de todos. O “déjà vu” veio à cabeça. O que estávamos fazendo ali num barco pequeno, no mar do Caribe, metidos numa aventura sem propósito?
Não conseguimos bater foto, pois a embarcação balançava e a água respingava nas câmeras. Não conseguimos curtir o passeio, pois as ondas agitadas incomodavam, e o que parecia ser prazeroso estava se tornando incômodo. Então, voltamos para a praia do hotel e almoçamos no mesmo restaurante de ontem.
À noite fomos comer pizza num restaurante cujas mesas ficam no jardim. Pizzas saborosas, parecidas com as que fazem no Brasil.


25/10/2013
De manhã fomos comprar passagens de ferry para voltar ao continente da Venezuela.  Depois percorremos a rua 4 de Mayo, onde ficam lojas de marca com mercadorias originais.  Como o bolívar está muito desvalorizado, a gente consegue comprar peças originais pela metade do preço.
Às 13h nos encontramos para almoçar.  Um motorista de táxi nos recomendou comer lagosta na Bella Playa, no restaurante do Pablo, de frente para o mar.  Comemos lagostas, porções de camarão e lula, suco, refrigerante e muita cerveja para 11 pessoas. Ficamos surpresos com a conta, ou seja, o equivalente a R$26,00 por pessoa. Os homens tomaram banho de mar e tudo.  Voltamos para o hotel e ficamos de molho na piscina até anoitecer.  Os que estavam muito “borrachos” ficaram no hotel, os outros foram ao shopping Las Velas jantar e fazer mais umas comprinhas.
Quando chegamos, Tadeu e Fernando ainda estavam na piscina.

24/10/2013
Por volta das 4h da manhã começamos a chegar perto da ilha. Às 4h30 saímos do ferry, mas Fernando ficou, pois a bateria do carro descarregou. Provavelmente os faróis ficaram acesos. Um mendigo ajudou a empurrar o carro para fora do ferry, e o Tadeu fez “chupeta” da nossa caminhonete. Seguimos à procura de hotel e assistimos ao nascer do sol na praia Punta de Piedra.
Está acontecendo um Congresso na ilha, e os hotéis estão lotados.  Luiz entrou em contato com uma brasileira, que mora aqui e que consegue hotel para brasileiros. Tomamos café no hotel onde ela estava, mas não havia vaga. Então, fomos para o shopping esperar o contato dela. Ela conseguiu nos hospedar numa posada de frente para o mar, com apartamentos de frente para a piscina. À noite ainda deu para fazer um churrasco na área dos fundos da piscina, quase na praia.

23/10/2013
Às 6h todos já estão levantados. Vamos em direção a Puerto la Cruz pra pegar o ferry para Isla Margarita. Às 6h25 partimos. A família que conhecemos ontem nos acompanha: Luiz Eduardo, Neusa, Felipe e Nicolas.  Paramos para tomar café e partimos às 7h7.
A 15km de Upata a autopista é larga, ótima.  Não há placas indicando a velocidade máxima.  O transporte coletivo é feito numa caminhonete que leva os passageiros na carroceria sentados em bancos, em pé, do jeito que der.
Às 9h45 começamos a passar por uma zona perigosa.  Abastecemos em Guayana sem parar no caminho para nada. Pegamos dois pedágios, mas não tem ninguém para cobrar. Depois passamos pela ponte Orinoco, bonita, parecida com a de Manaus.
Em Mano Abajo, os vendedores ambulantes colocam os carrinhos no meio da rodovia com os carros passando em volta. Na estrada tem placas dizendo: “Pedinte – Peligroso”.  Em El Tigre, justamente onde recomendaram não parar, pegamos uma fila de carros que nos atrasou mais de meia hora.
A temperatura é de 34ºC.  Alguns carros que transitam são tão velhos que não sabemos como ainda se movimentam. De repente saímos da autopista e entramos numa estrada deserta. Na autopista Anaco – El Tigre, a 50km de Barcelona, 15h, um policial manda parar a caminhonete do Tadeu e aplica uma multa porque o passageiro do banco de trás (Osni)não estava usando cinto de segurança. Uma mentira deslavada para arrancar propina, pois os venezuelanos não usam cinto nem capacete para andar de moto.  Classir entrou lembrando que os venezuelanos não estavam usando cinto. Quando perguntei se a multa era só para estrangeiros, ele ficou bravo e disse que estava nos atendendo por isso não podia ver os outros. Retruquei que eram muitos sem cinto, e ele se manteve calado com cara feia. Perguntei o que deveríamos fazer para pagar a multa. Ele disse que teríamos que voltar para um posto anterior e que levaria mais ou menos 4 horas até nos liberarmos.  Insisti para que nos dissesse o que fazer para devolver o documento do Tadeu e o do carro, mas ele ficava enrolando, escrevendo num papel e não decidia nada.  Osni entrou na cabine e perguntou se haveria possibilidade de ele pagar a multa para agilizar a nossa viagem.  Ele e o outro policial aceitaram, devolveram os documentos, mas não nos deram recibo.
Às 16h30 chegamos a Puerto La Cruz. Compramos tíquetes para atravessarmos o mar até Isla Margarita. O ferry que pegamos é horroroso, vende comida estragada e leva 6 horas para chegar. Partimos às 23h e chegaremos às 5h do outro dia.

22/10/2013
Às 7h30 tomamos café e em seguida nos dirigimos para a aduana. Às 8h entramos numa fila enorme para abastecer as caminhonetes com diesel. Esperamos só meia hora porque os turistas têm preferência. Ficamos até às 11h para fazer a documentação.  Quando pensávamos que estava tudo pronto, mandaram a gente voltar ao Brasil para pegar uma declaração de que o carro não é roubado (R$27,00), no Departamento de Trânsito do  município de Pacaraíma. Fizemos o seguro do carro, válido por um ano na Venezuela (obrigatório, no valor de 2.000 bolívares = R$100,00). Almoçamos no mesmo restaurante em que jantamos no dia anterior (o melhor da cidade, porque nos outros não nos arriscamos).
Voltamos para a aduana. É incrível a lerdeza dos agentes para despachar os documentos. Finalmente às 14h30 fomos liberados, mas tivemos que voltar porque erraram a data do nosso retorno ao Brasil. Perdemos mais de 7h para atravessar a fronteira.
Quando saímos da fronteira, uma família entrou na nossa caravana. A estrada no lado da Venezuela é boa. Atravessamos a Gran Sabana pela Rota 10, 1010m de altitude, com vegetação rasteira e montanhas ao fundo. A paisagem é linda, com bastante verde.
Recomendaram que não viajássemos à noite, porém na vila onde pretendíamos parar, o único hotel já estava lotado. Tivemos que continuar. A 560km está a cidade mais próxima, segura, para dormir. Os soldados do Exército nos paravam, recomendavam cuidado e nos informavam em que pueblos (aqui também tem reservas indígenas) não poderíamos parar. Passamos por um pueblo à noite, que dava medo só de olhar. Na estrada encontramos uma moto com duas crianças e dois adultos agarrados um no outro, sem capacete, claro.
Passamos por seis postos do Exército, parávamos, pedíamos informações e seguíamos. Nosso combustível estava acabando e não havia posto por perto. Às 10h40 paramos em Guasipati, uma cidade segura, com posto de gasolina, onde passamos a noite. Para encher as três caminhonetes gastamos B$7,00 (equivalente a cinquenta centavos de real). Os bombeiros às vezes nem querem receber o dinheiro. A cidade não tem internet.



segunda-feira, 21 de outubro de 2013


VIAGEM  PARA VENEZUELA E GUIANAS


21/10/2013

Levantamos acampamento às 7h40 e seguimos para o centro de Boa Vista. Procuramos o Banco do Brasil para sacar dinheiro e na volta encontramos um pessoal que nos deu informações sobre câmbio e sugestão de hotel. Estávamos pensando em comprar mantimentos no supermercado local, mas eles disseram que na Venezuela é muito barato fazer compras.

Almoçamos e às 11h36 partimos em direção à fronteira. Uma hora depois chove forte, mas logo em seguida passa. Dá para perceber quando vamos pegar chuva. É só olhar para o céu e ver qual nuvem está em cima despencando água. O dia está nublado, mas a temperatura é 35°C.
Às 13h20 paramos numa vila indígena para colocar combustível.  Osni calculou mal a quilometragem e quase ficamos na estrada. Às 14h chegamos a Pacaraíma e nos hospedamos no hotel Amazonas. Trocamos reais por bolívares com o cambista do hotel e fomos fazer um lanche. Ficamos impressionados com a quantidade de dinheiro que recebemos.  O câmbio na fronteira é de R$1,00 para 19 bolívares (moeda da Venezuela).

Nosso combustível acabou e não há óleo para vender, só gasolina. Disseram que amanhã o óleo chega a partir das 8h30. Vamos esperar.

20/10/2013

Acordamos às 6h (horário de Manaus, duas horas menos em relação a Brasília) e fomos tomar café.  Conversamos bastante com o casal, que nos deu informações sobre a região e a fronteira da Venezuela.

Continuamos pela BR 174 em direção a Boa Vista. Dentro da reserva, a estrada é boa, mas depois o asfalto é ruim, cheio de buracos, e melhora quando chega mais perto da capital.   Ficamos horas sem sinal de celular e internet.

A 100km de Boa Vista já se vê montanhas. Às 9h30 chegamos em Boa Vista. Às 11h paramos no “Recanto do Dedé”, um lugar com lago e duchas na rua, restaurante, cabanas e local para acampar.   Almoçamos galinha caipira e dourado na telha.  Ficamos curtindo o lugar durante todo o dia e acampamos ali. Amanhã vamos ao centro de Boa Vista e depois seguimos para a Venezuela.

19/10/2013

Esta manhã ficou livre para cada um fazer a sua programação. Ao meio-dia almoçamos juntos, fechamos a conta do hotel e passamos pela cidade para ver alguns pontos turísticos. O Mercado Público é uma construção interessante do sec. XIX, bonita, com estrutura de ferro, mas só olhamos por fora porque está em fase de restauração.

Às 13h55 cruzamos a ponte do Rio Negro, a mais bonita de Manaus. Continuamos o passeio para conhecer Ponta Negra, local onde vive a elite amazonense e onde estão os melhores hotéis.  Fica na beira do rio Negro e há uma praia na margem do rio frequentada por banhistas. Mal chegamos e desabou uma tempestade forte, com raios e trovões, que nos obrigou a entrar rapidamente no carro e seguir viagem. Tivemos que parar devido à cortina d’água que nos impedia de ler as placas de sinalização. Uma caminhonete rodou na pista do outro lado da avenida. A tempestade parou tão repentinamente quanto chegou.

Seguimos pela BR 174 até a cidade de Presidente Figueiredo, município conhecido pelas maravilhosas cachoeiras e grutas. Queríamos acampar numa dessas cachoeiras, mas é proibido acampar e não havia mais cabanas vagas para alugar. Continuamos rodando para adiantar a viagem, já que não dava para curtir as cachoeiras.

Às 18h05 pedimos informação num posto de combustível e 7km depois entramos na Reserva Indígena Waimiri Atroari. A BR 174 passa por dentro dessa reserva, que é fechada às 18h30. Depois desse horário ninguém entra. A paisagem no pôr-do-sol é fantástica, mas não podemos parar. Às 18h15 entramos na reserva. As placas informam: “Evite parar”. Disseram que quando um carro quebra na reserva, os índios cercam o veículo e só liberam o motorista para pedir socorro no outro dia de manhã. Não há sinal de celular nem internet.

Às 18h35 passamos a divisa dos Estados de Amazonas e Roraima, mas estamos ainda na reserva. Às 18h45 vimos uma sucuri, ou jiboia, enorme como nunca tínhamos visto antes, atravessando o asfalto. Às 19h20 saímos da reserva, mas a entrada desse lado já estava fechada com corrente.

Fomos dormir em Macoxi, na pousada do casal Ana Maria e José, de Canoinhas, Santa Catarina, que está morando nesta região há 18 anos. É nesta região que vive a tribo indígena que nunca teve contato com o homem branco. É uma região de muito ouro, tráfico de drogas e exploração de madeira.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013


18/10/2013

Hoje tomamos nosso café às 9h da manhã. Conversando com o pessoal local, soubemos que tivemos muita sorte em fazer a travessia da BR 319 em dois dias.  Quando chove muito, as pessoas levam seis dias para atravessar e chegam a acampar no meio da estrada.

Enquanto os homens levam os carros ao posto para lavação, as mulheres dão um passeio pelo centro e visitam o Teatro Amazonas, inaugurado em 1896, construído quando a cidade estava no momento de riqueza, durante o “ciclo da borracha”. Atualmente é o símbolo mais relevante de Manaus.

Às 13h nos dirigimos para o porto de Manaus a fim de fazer um passeio a lugares turísticos da região. Contratamos um táxi fluvial (barco) e fomos almoçar num restaurante flutuante no rio Negro. Lá oferecem um bufê com peixes da região (pirarucu, tambaqui), alguns pratos típicos e suco de frutas nativas da região. 

Depois do almoço seguimos durante 10 minutos por uma passarela de madeira a 5m do chão, que  nos deixava bem perto das copas das árvores, para ver a planta vitória régia. Ela possui uma folha enorme, parecida com uma forma de pizza, que fica na superfície da água, pode chegar a 2,5m de diâmetro e suportar o peso de uma criança.  Sua flor tem uma fragrância forte, e o suco extraído de suas raízes é utilizado pelos índios como tintura negra para os cabelos. Visitamos também a árvore chamada Samauma, considerada pelos indígenas como a “mãe das árvores”, que pode atingir 90m de altura. Suas raízes formam compartimentos que servem de abrigo para os índios.

Depois pegamos o barco novamente e fomos a Janauari, local onde foi rodado o filme “Anaconda”.  Estivemos em outro local em que havia um bicho-preguiça e uma sucuri gigantesca convivendo com uma família numa casa flutuante. 

Nosso último passeio foi ver o encontro das águas do rio Negro (de água escura) e Solimões (de água barrenta, amarelada). As águas dos dois rios correm lado a lado e não se misturam por uma extensão de 6km. Isso acontece devido à diferença entre a temperatura e densidade das águas e à velocidade das correntezas: o rio Negro corre cerca de 2km/h com temperatura de 28°C, e o Solimões corre de 4 a 6km/h com temperatura de 22°C.

À noite fomos ao shopping Amazonas

Obs.:
Quando falamos ao nosso guia que  Osni e Fernando tinham visto uma pantera negra, ele disse que provavelmente deveria ser um gato-do-mato preto, grande, selvagem, que vive naquelas localidades.

17\10\2013

Levantamos cedo e às 7h30 saímos do acampamento. Temos mais 350km para rodar nessa estrada, ou melhor, trilha, que em alguns pontos fica 16m acima do nível do mar, no interior da selva amazônica. Em alguns trechos a velocidade é 7km por hora. Depressões cheias de lama e asfalto quebrado formam crateras enormes.

Lembrando ainda das kombis passando por esta estrada sem tração 4x4, Fernando matou a xarada dizendo: “Eles trazem um monte de gente, quando a Kombi atola, todo mundo desce e empurra.”

Após 20km Fernando e Osni, que estavam na frente, avistaram uma pantera negra  embrenhar-se no mato rapidamente. Não conseguiram fotografar. Às 11h34 vimos uma  casa no meio do mato. Aparentemente não havia ninguém, só um cachorro.

Às 12h30 paramos numa sombra para comer e partimos às 13h40. Chegamos a Igapó Açu a fim de cruzar o rio de balsa e continuar a BR 319 até Manaus. Levamos 3 horas para percorrer 40km.

Às 14h50 estávamos do outro lado do rio, na continuação da rodovia. Nesse trecho a estrada é bem larga, e a média de velocidade é 55km por hora. Alguns trechos não têm asfalto, então quando chove a pista fica escorregadiça e quando não, há muita poeira. Aqui também encontramos queimadas. Depois de 50km a estrada é asfaltada e dá pra andar a 100km por hora. Quase não circulam veículos nessa rodovia, e onde antes existia uma balsa, agora existe uma ponte ligando a rodovia.

Chegamos a Careiro às 16h53 e também havia uma ponte onde antes o percurso era feito por balsa. Continuamos na BR319 bem conservada, mais aberta, vegetação afastada das margens e com algumas fazendas de gado nas laterais.

Às 18h30 chegamos na balsa que atravessa o rio Solimões até Manaus. Mas tivemos que esperar até às 8h porque a balsa não comportava mais carro. Jantamos num restaurante japonês e rimos muito com as palhaçadas do Osni. Já passava de 23h quando nos acomodamos no hotel.
 

16\10\2013

Às 6h54 saímos do hotel, em Humaitá. Apesar de estarmos com duas geladeiras, passamos num posto de combustível para comprar gelo e combustível de reserva, porque não existe posto nesse trajeto da BR 319.

Entramos na BR 230 (transamazônica), passando pelo Batalhão da Selva do Exército, onde fazem treinamento especial para resgate na selva. O Exército está há anos na operação de construção e manutenção da estrada.

Depois de 15km entramos na BR319, que leva a Manaus. Esta rodovia já esteve em melhores condições e era trafegável, hoje está abandonada, com trechos de asfalto detonado pelo tempo e sem manutenção. Até o km 180 se avista uma casa ou outra suspensa com estacas devido à época de enchentes. À medida que adentramos, o asfalto vai ficando esburacado até se transformar numa trilha difícil de transitar.

Estamos a 3.800km longe de casa. Agora é torcer para não chover, pois o caminho escorrega como sabão e possivelmente teremos que parar se a chuva for intensa.

Às 8h20 passamos pela primeira torre da Embratel.  Esta estrada ainda não fechou totalmente pelo mato por causa das linhas de transmissão da Embratel. A energia elétrica nas torres é produzida por gerador. Depois de 90km encontramos construções da Prefeitura de Humaitá e até um posto de combustível. Segundo Tadeu e Osni o progresso chegou aqui em questão de um ano. Eles passaram por aqui em 2012 e não havia nada. É uma pequena comunidade no meio da selva.

A velocidade média nessa BR é 27km/h.  Quase atropelamos uma jiboia enorme na beira da estrada. Às 9h50 paramos na cabeceira de uma ponte que estava sendo restaurada. Conseguimos passar. 

As borboletas amarelas pressagiam chuva voando na nossa frente. Em seguida passa  uma moto com 3 pessoas em cima e dois cachorros acompanhando-a com a língua de fora de tão cansados. Na orla da trilha há caju, goiaba, araçá (que apanhamos pela janela do carro). Os postes das linhas são de uma madeira nativa, meio retorcida e de grande resistência.

Após 160km rodando, deu problema na caminhonete do Fernando. Na revisão deixaram o parafuso da ventoinha solto, o motor começou a ferver e o ar condicionado parou de funcionar.

Às 11h40 começou a temida chuva. Paramos na casa dos Catarina (família de Jaguaruna/SC que vive aqui há 20 anos). Osni consertou a caminhonete, lanchamos e partimos. Existem queimadas clandestinas ao longo da floresta devastando árvores nativas.

Às 16h20 a caminhonete do Tadeu atolou mesmo com tração, e foi guinchado pela caminhonete do Chico. Osni aproveitou pra ir zombando desse incidente o tempo todo. A chuva passou, mas deixou um lamaçal com crateras enormes no chão.

Chegamos a uma das torres da Embratel às 18h35. Já era noite quando entramos no cercado da torre onde havia operários que dão manutenção na rede de transmissão. Tivemos sorte. Normalmente essas torres ficam desertas com o portão trancado a cadeado e, nesse caso, teríamos que dormir do lado de fora.

Conversando com dois funcionários, soubemos que há um mês uma onça com o filhote entrou no cercado e atacou uma mulher numa estação mais a frente (a média de distância entre as estações é de 40km). Nós, mulheres, ficamos apavoradas e pensamos até em dormir dentro do carro. Esses acontecimentos são raros e nossas barracas são armadas em cima das caminhonetes, mas vai que...

Fizemos um churrasco e depois fomos dormir.  Mesmo com todo o receio de alguma onça atacar, com o barulho da noite na mata, os sons dos bichos e sem luz elétrica a partir das 22 horas, nos acomodamos na barraca devido ao cansaço.  Por volta das 9h da noite apareceram duas Kombis cheias de homens, mulheres e crianças. Acamparam e saíram às 4h da madrugada. Ficamos admirados e até frustrados imaginando como eles tinham chegado até aqui.

Durante todo o dia não avistamos animais, só uma cobra. A temperatura do dia marcou 39°C com sensação de mais de 40°C. Levamos 11 horas para percorrer 300km.

 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

15/10/2013
De madrugada caiu um vento frio e acordamos com a chuva batendo no teto das nossas barracas.  Levantamos acampamento e seguimos para Porto Velho.
Almoçamos em Itapoã do Oeste.  Nuvens negras no céu davam a impressão de que iriam desabar em forma de chuva a qualquer momento. A chuva ia e vinha em intervalos, inesperadamente.
Chegamos a Porto Velho embaixo de chuva e vento. Compramos suprimentos para levar na expedição até Manaus.  Vamos passar a BR 319, onde não há civilização, num percurso de três dias de travessia.
Tomamos a balsa que atravessa o rio Madeira, o qual está na divisa dos Estados de Rondônia e Amazonas. Seguimos para Humaitá pela BR 319, que corta a floresta e onde raramente se encontra um indício de civilização como uma fazenda ou um posto policial.

Amanhã vamos fazer a esperada travessia pela BR 319 até Manaus.  Estamos equipados com box, chuveiro, vaso sanitário, duas geladeiras (a bateria) e comida para sobrevivermos nesses três dias com um mínimo de conforto. O percurso de hoje foi 730km.


14\10\2013
Saímos de Cáceres às 6h30 em direção a Porto Velho. O céu está nublado, carregado de nuvens cinzentas. A BR174 corta a floresta, que é interrompida em alguns pontos por fazendas de gado e plantações. A 50km de Vilhena, vimos duas antas atropeladas no acostamento.
Almoçamos em Vilhena (RD), num restaurante bom, sem moscas, o que é difícil nessas paragens. Continuamos nosso curso pela BR364 com intenção de chegar hoje a Porto Velho, mas paramos em Cacoal por volta das 15h para tomar um café e, conversando com a balconista, descobrimos que há um parque interessante para conhecer.  Chico, que já o conhecia, confirmou que valeria a pena ir até lá.  Mudamos de rumo. O calor nos ajudou a decidir por ficar no Selva Parque do município, com piscinas, lagos e local para acampar. Jantamos uma comidinha deliciosa aqui. Conseguimos percorrer somente 750km.


13\10\2013
Levantamos às 5h30 (horário local), tomamos café e desarmamos as barracas.  Às 6h30 partimos em direção a Vilhena, Rondônia.
Rodamos pela BR 163. Ao longo da estrada encontram-se animais atravessando e pássaros sobrevoando a rodovia. Extensas plantações de milho e cana estão na orla da estrada.
Às 11h cruzamos a divisa de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, passando pela ponte sobre o rio Correntes.
Almoçamos em Sonora.  As nuvens prenunciam chuva.  Animais como porco-do-mato, macacos, emas e tamanduás cruzam a rodovia rapidamente, assustados. Alguns são atropelados e ficam no acostamento servindo de comida para os abutres.
A paisagem é constante por centenas de quilômetros. Por volta das 13h30 a chuva cai e nos acompanha por mais ou menos meia hora.
No trecho do Complexo Internacional de Rondonópolis, os caminhões abarrotados de soja vão deixando cair grãos que vão se espalhando na beira do caminho. Um desperdício considerável.
Às 14h30 cai uma chuva forte por cerca de meia hora.  Descemos a serra em direção a Cuiabá com destino a Comodoro. Nesse percurso encontramos dois caminhões quase pegando fogo porque os motoristas não usaram freio motor.
Tivemos que passar por dentro da cidade de Cuiabá e pegamos muitos desvios até chegarmos à BR 070. Há obras por todos os lados em função dos preparativos da Copa do Mundo. Nessa confusão de trânsito acabamos conhecendo a construção do estádio novo de futebol.
Chegamos a Cáceres às 9h. Acomodamo-nos no posto onde havia vários caminhoneiros pernoitando. Rodamos 1060km hoje.




segunda-feira, 14 de outubro de 2013

12\10\2013
Estamos pegando a estrada novamente para mais uma viagem aventura. Desta vez não estamos sozinhos.  Partimos com Osni e Classir, Fernando e Rose, Chico  e Letícia.
Pegamos uma “carona” com eles para fazer a parte que não conseguimos concluir na volta do Alasca, ou seja, Venezuela, Guiana Inglesa, Suriname e Guiana Francesa.
Saímos cedo de casa com o céu cinzento prometendo chuva.
Às 8h30 nos encontramos com Chico e Letícia no Sinuello. Tomamos o café da manhã juntos e partimos. Nosso roteiro: Florianópolis – Joinville – Ponta Grossa – Ventania – Patrulha – Andirá – Presidente Epitácio – Campo Grande.
Por volta do meio-dia abastecemos, lanchamos e continuamos. À medida que nos distanciamos, encontramos campos de plantações e pastagens.
Às 15h40 atravessamos a divisa do Paraná e São Paulo.  Às 18h30 estamos em Presidente Epitácio, passando a ponte sobre o rio Paraná.
Chegamos a Campo Grande e ficamos no posto de gasolina Platinão, a 15km do centro, com boa estrutura de banheiros, restaurante, supermercado e lanchonete.